quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Sobre quem vaga.

Ela enxerga, mas não tem pra onde olhar, não quer olhar pra nada. Seus olhos vagam tão secos, sem brilho, a claridade deles espanta por nem se quer expressar indiferença. Antes houvesse um odio dos outros como prova de que eles presenciam alguma forma de vida, nem isso. A decepção é interna, aqueles olhos externos são faixada, apenas para compor uma forma humana, a parte que enxerga está virada para dentro, parte dela que me causa mais remorso.
Antes a dificuldade terminasse nos insultos que ela orgulhosamente faz sair dos lábios pálidos enquanto bagunça o cabelo sempre com o mesmo movimento, antes eu continuasse intimidada por um semblante totalitarista e não precisasse descobrir que todos esses detalhes são parte de uma armadura de guerra, daquelas complicadas que só se coloca ou tira com ajuda e no final da batalha. Vestindo ela, sua segurança parece estar intacta, o que é viável só até chegar a hora de dizer: 'Missão cumprida, os tempos de guerra agora são parte do passado!' Embora a guerra já tenha chegado ao fim, a armadura ainda lhe oferece proteção, o que te faz permanecer com ela, não importa se é pesada ou desconfortável, acostumou-se com sua missão de permanecer viva, esquecendo-se de que o propósito de permanecer vivo executar a ação, no caso: viver.
Não vejo vida em seus olhos que vagam, não percebo ódio em seus insultos, menos ainda outros detalhes para a minha descrição, o tempo que passei observando-a foi todo destinado a tentar encontrar um motivo para tanta desilusão, não sei. Que seja mais um dos meus exageros, seria melhor assim.

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