sábado, 12 de abril de 2014

Ansiedade.

Tenho dificuldade de identificar meus defeitos. Deixando o exagero de lado, sou a pessoa mais ansiosa que conheço, sempre fui. E quando digo ansiosa, me refiro ao mais extremo grau de ansiedade, me levando a agir de modo tão irracional, que parece cômico (um tempo depois).
Antes de entrar na pré escola, lembro que escutava a minha irmã mais velha falar que tinha uma melhor amiga na escolinha. Um pouco antes de entrar na escola, me ocorreu que quando chegasse a hora, eu precisaria ter uma melhor amiga também. Eis que chegou o dia. Atravessei o portão de grades verdes, subi pelas escadas depressa e antes que eu pudesse me apresentar, olhei de relance para a primeira garota que vi sentada do meu lado e perguntei se ela queria ser minha melhor amiga. Para minha surpresa e total descontentamento, no lugar do sim, ela simplesmente disse: "Mas eu não sei se eu gosto de você". Então concluí que não era boa pra fazer amigos.
Tempos depois -ainda na pré escola- a professora pediu para plantarmos um feijão no algodão e esperar um tempo até ele crescer. Cheguei em casa, coloquei um grão de feijão em uma tampinha de garrafa pet, um algodão e enchi de água. Me martirizei esperando 15 demorados minutos, mas nada aconteceu. Depois disso joguei o feijão fora e concluí que não era boa com plantas.
Os anos passaram e um dia dei o meu primeiro beijo. Em seguida pensei: Finalmente vou me casar. Acreditem ou não, ele não me pediu em casamento. Logo, não sou boa com relacionamentos.
Minha vida foi seguindo, com as minhas conclusões drásticas e até pouco tempo, nunca entendi porque eu deixava as coisas de lado tão fácil, até que em uma dessas noites -que não dá pra dormir porque você acha que por não ter comprado o álbum de figurinhas da copa no dia em que ele saiu nas bancas, não é boa pra fazer álbuns- percebi que o problema não tem a ver com as minhas habilidades e sim com a minha total falta de capacidade de dar tempo ao tempo.
Me prolonguei o suficiente, pra dizer que essa semana eu aprendi que pra tudo sair como o planejado é preciso esperar... Mesmo que isso seja um saco.

quinta-feira, 6 de março de 2014

Passei minha infância inteira sonhando com o dia que eu seria uma bailarina de verdade. Por mais que eu gostasse de circo e mesmo que ser astronauta fosse emocionante, eu não queria outra coisa. Vez ou outra eu pensava que seria legal trabalhar em um desses lugares em que os homens precisam ir de gravata e já até pensei como seria interessante cuidar dos bichinhos em uma clinica veterinária. Mas tudo isso me seduzia só até eu lembrar que feliz de verdade, eu seria se fosse uma bailarina. 
Dancei por um tempo e tudo é ótimo antes de ser uma obrigação. O trabalho é árduo, doloroso e depois de um tempo, parece vão. Passei anos tentando adiar o dia em que eu precisaria encarar a dor de entender que a decisão mais sábia era deixar pra lá. E esse foi o dia em que eu aprendi que não dá pra se agarrar em qualquer coisa, só porque existe amor. Amor é o maior incentivo pra absolutamente qualquer coisa. Amor é o ponta pé, mas nem sempre depois de um empurrão você consegue se manter em pé. Então é preciso saber que quando a gente caí no chão, o melhor a fazer é levantar e continuar andando, porque ficar no chão, não leva ninguém pra lugar nenhum. 

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Eu poderia deixar pra lá. É claro, se não fosse pelas vezes em que fez questão de não me deixar andar do lado da rua na calçada, pra eu ver que se importa, se não fosse pela paciência sempre que eu enlouqueço e jogo em cima de você tudo o que eu não deveria. Eu iria embora numa boa, mas você não foi quando precisava ir, porque sabia como eu queria que ficasse e se não me seguisse enquanto eu ia chorando pro banheiro, se não me abraçasse, se não cuidasse, se não olhasse, se não me deixasse te acordar nas noites em que dormir parece tão complicado, se não fizesse questão de me animar e de fazer todos os dias terminarem com um sorriso, se não me escutasse, se não perguntasse sobre o meu dia, se não comprasse chá pra dor de cabeça, se não me deixasse passar tanto tempo no Sol, se não madrugasse aos domingos pra andar de bicicleta, se não doesse em você enquanto eu choro, se não me mimasse, seria fácil cruzar a cidade sem me preocupar com quem eu deixei do outro lado. Mas não é. Porque além desses motivos, tem também carinho nos seus olhos, abraços apertados nos seus braços e risos que vem da sua alma, da nossa alma. Pode ser complicado de entender, mas apesar dos céticos que estão ai há gerações dizendo que ninguém é insubstituível, eu percebo que não é a vontade de encontrar quem possa trazer os mesmos benefícios e sim a falta de vontade de assistir um de nós dois ir embora.
Pode ser que até lá, a gente aprenda a se teletransportar, mas é pouco provável. Pode ser que você seja meu vizinho em outro país, pode ser que daqui há dez ou vinte anos, eu te encontre fazendo compras em um supermercado de qualquer lugar do mundo e acabe me casando com você... Vai saber. Vai ver eu desço do avião e eu vou até a sua rua, pra dizer que eu não pude ir. Mas são apenas probabilidades e por mais que você e toda a coerência que existe dentro de mim, grite pra que eu seja forte, a única coisa que se mantém firme e intacta na minha cabeça, é que a gente não pode deixar de lado aquelas coisas que fazem a gente sentir vontade de sair da cama cedo mesmo quando chove, aguentar as rotinas chatas e pedir todos os dias para que a semana passe mais depressa. Só pela certeza de que logo, vai ficar tudo bem e por mais que pareça loucura demais até pra mim, de vez em quando a gente só precisa de vinte segundos de uma coragem insana pra ignorar a razão e acreditar que se há o minimo de possibilidade de dar tudo certo, então não há necessidade de estar em qualquer outro lugar do mundo, a não ser aqui.