Acordar tarde não me agradou, preferia que não fosse final de semana, ainda sim, levantei com um leve bom dia e rosto de satisfação pela noite bem aproveitada. A Av. Paulista, o cheiro de limpo do hospital, o elevador claro e tão bem iluminado quanto o resto do local, o piano tão alto e grave mesmo sozinho, as imagens de Santa Catarina e o pior de tudo, aquele rosto tão familiar com expressão de choro conversando com Nossa Senhora de Fátima, Nada me agradava. Tudo tinha gosto amargo, até o chocolate do café da manhã. Eu não queria que ela estivesse mal, não queria segurar o choro, queria mesmo dizer que eu faria o que fosse preciso no lugar dela, pois só assim eu estaria mais tranquila. Apesar do meu desejo de dizer tudo isso na melhor das intenções, fiquei calada, segurei sua mão e fiz como se estivesse tudo bem, fiz certo.