quarta-feira, 21 de julho de 2010

Sobre o sistema

Que a sociedade tende a impor os nossos pensamentos de certo e errado para um tipo de sistema, ou lavagem cerebral (se preferir), não é novidade. Desde que nascemos estamos subordinados a viver em busca de conquistas; vamos dizer melhor, crescemos mesmo sem perceber procurando ser ponto de referência, o tal do 'motivo de orgulho' e nos acostumamos com isso. Um exemplo básico é a existência de 'ídolos' em nossas vidas, palavra que por sinal lembra mídia, mais especificamente a televisão que é um dos maiores problemas de alienação, vulgo informação.
O problema não é a televisão, ou a questão querer ser motivo de orgulho e sim que nos tornamos uma sociedade quadrada: Todos os lados são iguais! Inclusive o desejo de ser chamado de melhor, não importando muito o motivo ou os meios, o que importa mesmo é o conforto que tal título pode trazer.
Essa cobiça por bem-estar social passou a ser tão grande que transformou-se em um paradoxo, pois passamos a fechar os olhos e mais do que isso, aprendemos a conviver com questões que de longe são inaceitáveis, o que ninguém percebe é que fazendo isso, a busca por 'bem-estar' passa a ser em vão.
A acomodação é cada vez pior, são reclamações e visões de atrocidades diárias que não acabam mais e não é mudando de canal que se resolve. A escola virou comércio, os alimentos são lixo e o pior é que absolutamente qualquer forma de protesto vira banal ou motivo de riso! Deve ser esse o problema, damos risada da probreza, do preconceito, fazemos piada dos nossos conceitos e até o amor estão querendo abolir. Viramos comediantes natos para disfarçar o caos que se mostra cada vez mais incontrolável, adotamos uma política de buteco só para não deixar o cargo vazio. E os jovens então? Acredito que se nos chamarem de babacas ainda é elogio considerando a forma que somos vistos e que nos mostramos. A solução para os problemas tem sido achar um modo de amenizar, esconder, porque abolir dá muito trabalho e ninguém quer se esforçar muito.
Perceber todos esses problemas não é tão complicado, o que acontece é o esperado: É menos trabalhoso continuar seguindo o fluxo do que tentar andar no sentido contrário do um estilo de vida que nos acostumamos. Não é nada fácil quebrar um sistema de décadas. O que não podemos esquecer é que cada vida é um mundo e o direito de escolha ainda está valendo para todas as pessoas. De vez em quando faz bem ir até o dicionário e ler o significado de possilidades. Não aceitar sempre o que nos é oferecido e procurar o que nos agrada é uma possibilidade, pode não ser a mais viável, mas é o melhor começo para fugir desse padrão auto-destrutivo de humanismo atual.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

A clockwork Orange.

O básico: A clockwork Orange, popularmente conhecido como 'Laranja Mecânica' é um clássico de 1971 dirigido por Stanley Kubrick, adaptação do romance de Anthony Burgess (1962).
Os detalhes: Tenho para mim que mesmo sem a maioria dos recursos que temos atualmente, não haverá filme mais fantástico em cada detalhe. Um cenário de deixar qualquer pessoa tonta com tantas luzes, cores, objetos abstratos e exagerados. Uma trilha sonora sublime que conta com Henry Purcell proporcionando um pavor a cada momento de tensão da história e 'singin in the rain' tornando cômica a cena mais cruel do filme. Não entrarei em detalhes sobre o elenco porque sinceramente é impossível prestar atenção em qualquer outra atuação quando temos em vista Malcon McDowell e o seu personagem anti-heroi Alex DeLarge.
A trama: Trata-se de um jovem muito educado fã de música clássica e praticante do que chama de ultraviolência. É lider de uma gang que posteriormente o trai em um dos assaltos que eles praticavam frequentemente, o que causa a prisão de Alex, que é agravada pela morte da vítima do assalto devido a violência. Conclusão: Alex é um assassino!
A prisão de Alex ocorre paralelo a um projeto; o tratamento Ludovico, que é um tipo de terapia que foi criada pelo governo na tentativa de acabar com a criminalidade. Como o tratamento estava em teste, precisaria de voluntários, então Alex sabendo que o tratamento o faria sair depressa da prisão, decide ser voluntário.
Passando o tratamento que o deixa sem capacidade de defender-se, devido a um tipo de lavagem cerebral por conta das drogas e dos filmes exibidos durante os 15 dias de terapia, Alex volta para casa, onde descobre que os seus pais passaram a viver como se ele nunca houvesse existido. Sem lugar para morar, ele começa a andar desnorteado, o que resulta no encontro dele com algumas de suas vítimas que certamente, não o tratam de forma receptiva.
Daqui pra frente, não vale a pena contar os detalhes, porque resultaria no final do filme e não tem a menor graça saber o final da história antes de assisti-la.
A conclusão: O que diferencia a Laranja Mecânica, é como ele mostra de forma explícita o interesse de todas as pessoas em olhar a situação seja ela qual for, apenas para o seu próprio benefício. Isso fica claro no tratamento proposto pelo governo que deixa as pessoas incapazes de agir até mesmo para sua própria defesa e nas atitudes das pessoas ao encontrarem o Alex, lembrando também da falta de estrutura familiar que é mostrada desde o começo do filme. É uma história de quse cinco décadas que não foge nem um pouco da realidade em que vivemos. Os problemas sociais são tratados exatamente com a mesma banalidade e os crimes cometidos por Alex parecem pequenos perto do que assistimos diariamente.