terça-feira, 4 de dezembro de 2012

  Acabei desfrutando do mais viceral dos sentimentos. A garganta fechou, a boca amargou, a visão escureceu. Meu estomago virou nó, a voz tremeu. Minha mente era um carro veloz e tudo o que saia pela minha boca era uma porção de rangidos, tal como os da Brasilia escandalosa do vizinho que mora aqui perto.
  Descobri que existe um lado infernal no meu cérebro, que em um ato descontrolado de prazer, jogava na minha cara aquelas coisas horrorosas. Outras mãos nas suas, outro corpo usando do seu calor, o ruído do seu sorriso em um ouvido estranho, as páginas da sua vida escritas por uma caligrafia que não é minha. O meu amor era uma trágedia de teatro e meu corpo inteiro, era o palco desta encenação.
  Dentre as falas musicadas por uma porção de soluços, uma das tais frases, apesar de sair meio enrolada, se fez clara e começava mais o menos assim: "Já dizia o poeta que todo grande amor, só é bem grande se for triste." A onde já se viu, um amor que nunca sofreu? Seja lá pelo que for. Ainda sim, relutei um pouco, lembrei dos suspiros, da garganta que vira nó e da minha mente infernal. Mas imaginem só, se a carne já é tão fraca, o que será de um coração que vive carregado de amor? Acabei por mudar o roteiro e trasnformei minha trágedia em romance água com açúcar, daqueles que ficam triste no começo, mas no final da tudo certo e termina em beijo.

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